quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Batalhas diárias


Sabe quando você programa sua vida, que vai parar de trabalhar prá cuidar das coisas que você precisa fazer, porque quer se poupar e descansar? Pois é, comigo não funciona ;o( ou eu sou mesmo incapaz de ser disciplinada.


Em julho me programei e parei de dar aulas, porque andava cansada, pesada, queria arrumar as coisas da minha filhotinha, cuidar melhor da casa, dar atenção ao Leo, de certa forma cumpri essa meta, mas não consegui parar quieta. As coisas foram acontecendo, o tempo me atropelando e eu embora tentasse o contrário, fui me sentindo cada vez mais atolada. E essa semana tudo pesou, meu trabalho que não para e prá algumas pessoas eu não sei e nem posso dizer não, me atrapalhei com os blogs, não consegui responder emails; por mais que me sinta feliz com mais contratos oficiais sendo fechados no meu trabalho com as empresas que me apoiam, sinto que me falta tempo, que me faltam braços, minha cabeça é um poço de ideias e de projetos, tenho claro o que quero fazer e como usar e aplicar o que sei, mas não consigo, não há mais disposição, não há tempo hábil, porque sou uma só. E uma crise de cobranças e de identidade maternal foi difícil de evitar esses últimos dias, cheguei a pensar se tudo isso tem sido válido, se eu não deveria ter ficado na minha profissão, tive até mesmo uma oferta de uma bolsa pro mestrado da UFPR na minha área e confesso que parei prá pensar, pensar no que é mais importante, se é fazer o que gosto e prá ter reconhecimento ter que trabalhar muito, ganhando nem sempre o que seria proporcional, ou ficar na minha área, prá quem não sabe... Farmacêutica, especialização em Imunogenética e Farmácia Hospitalar, ganhando melhor, mas mais ausente de casa, ou simplesmente apertar o Pause e por um tempo ser apenas mãe, dona de casa e me dedicar  somente à isso, sem remuneração, mas também sem compromissos e cobranças, esta última alternativa improvável prá mim, porque não suporto não ter minha independência financeira, trabalho desde os 14 anos, porque já não gostava de depender e pedir pro meu pai... 


O Leo entrou essa semana numa crise que me consumiu, do tipo... essa mãe é minha... de ciúmes, de posse de mim, manha prá tudo, guerra prá tomar banho, e relutou em comer, queria apenas mamar, que é Nescau na mamadeira, às vezes grudado comigo, às vezes me agredindo gratuitamente, pedindo colo, acordando várias vezes à noite e quando meu marido levanta para atendê-lo, ele diz, não quero você, quero a mamãe... dias difíceis que exigiram muito de mim e da minha paciência, que apesar de ser muita, extrema, chegou a um limite. Estou esgotada emocional e fisicamente, sem conseguir dormir bem, embora pudesse dormir até a hora que eu quisesse, sem compromisso de horários. Somado à tudo isso, estou a praticamente 4/5 semanas do parto, ando ansiosa, na expectativa de tantas mudanças e coisas que estarão por vir. Nunca fui e nem estou sendo insegura, estou apenas cansada... 

E por isso esse post que de início seria prá mostrar as coisinhas do chá que será sábado, umas coisinhas que comprei prá ela, tecidos novos e o início (com 34 semanas) da reforma do quarto, tornou-se um desabafo imenso, porque assim o que sinto foi aflorando... são tantas as coisas e dúvidas, meu marido diz que eu sofro por antecipação e ele está certo, eu morro sempre na véspera, sempre. Ainda que me sinta feliz e privilegiada por poder contar com ele e com minha família sempre, que me ajudam, apoiam, são pura paciência, minhas amigas também, sempre presentes, me rodeando, ligando diariamente e incondicionais. E com tanto a fazer, às vezes sento aqui ou deito no sofá, mas sem sossego, pensando que há tanto por fazer ainda e eu estou parada, preciso aprender a me cobrar menos, não são os outros que me cobram, sei que sou eu mesma e isso eu ainda não aprendi a melhorar. Hoje o Leo foi dormir na minha sogra, coisa que ele adora e ela também, na tentativa de desviar um pouco a atenção das coisas pro chá de bebê e prá essa imensa barriga que não passa mais desapercebida por ele, levei o Leo fazer algumas coisas comigo, fomos ao mercado municipal, almoçamos juntos no shopping, fomos ao supermercado e depois deixei ele na escolinha, um dia de semana atípico. Na casa da vovó tudo é diferente e é mais gostoso, espero que sirva prá ele voltar com outro ânimo e mais calminho também. 


Só sei que tenho vivenciado na pele esse conflito de ser mãe, esposa, profissional e eu mesma, tentado conciliar tudo e organizar minhas prioridades, mas não tem sido fácil. Crescer, virar gente grande, ser responsável por um lar é muito mais que limpar, cozinhar, trabalhar, brincar de casinha e de boneca, é ter que muitas vezes ter maturidade suficiente para escolher caminhos, sabendo que esses caminhos influenciarão outras vidas que dependem totalmente da sua, é abrir mão de coisas materiais e emocionais, ainda que temporariamente, prá manter o equilíbrio e a organização da família, é adiar sonhos. 


É preciso muita serenidade, consciência e paciência prá administrar tudo isso, prá fazer os que você ama, ao seu redor, felizes, sem esquecer que isso só é válido se você estiver feliz também. 


E eu sou e estou feliz, só preciso fazer alguns ajustes, renovar minha paciência, sei que aos poucos tudo vai passando, sei que quando eu olhar prá minha filha nos meus braços, tudo isso vai ser bobagem e vou me sentir ridícula por ter me questionado tanto, porque tudo vai parecer pequeno diante dela, mas no momento é assim que me sinto, vencendo batalhas diárias, onde talvez meu pior oponente seja eu mesma...

7 comentários:

Amanda disse...

Eu te entendo perfeitamenteeeeee... é um grande conflito porém descobrimos no meio disto td o quanto somos guerreiras, capazes e aprendemos todos os dias...
Que vc encontre as melhores alternativas!!
Bjs

Patricia Daltro disse...

Amiga, sei que é fácil para quem está de fora, mas viver um dia de cada vez é um exercício constante. Não tem jeito, nesse momento da sua vida, só assim. Respirar fundo, contar até dez e dar um passo, e principalmente, entender que aquilo que não pode ser mudado ou está complicado demais nesse momento, não deve ser importante.

Ana disse...

Com a gravidez, o filho exigindo mais atenção, tarefas e tarefas é normal se encontrar nesse estado de cansaço.
Aos poucos as coisas vão se ajeitando, a cabeça vai acalmando.
Beijos

Cláudia disse...

Assusta, mas tudo isso é tão normal! Sei, porque ainda fui ao terceiro bebê, contra todas as expectativas, num mundo onde cada vez temos menos filhos...contrariando minha mãe em seu pedido de que eu não tivesse mais um filho...experimentei, ousei, continuei...e hoje, com todos os meus meninos, jovens, criados, estudando, a saudade me atormentando a cada dia...valeu, valeu mesmo! Como não existe bula nem manual de instrução...siga a voz do seu coração, descansa e fica em paz.
Um beijo
Clau

Ligia disse...

Não é só a chegada de um filho, ou no teu caso de outro filho é que pensamos assim. Eu também penso assim. Escolhi uma profissão que amo, mas que não me dá retorno nenhum. Penso em desistir sempre, tomar um novo rumo, mas qual? sigo numa outra carreira, ou tento investir mais um pouco na que eu escolhi e me identifico? Vou atrás de algo que me de dinheiro, ou fico sem ele, mas realizada por fazer o que eu gosto? Porém se eu não tiver dinheiro, vou ficar o resto da vida na casa da mamãe, ou ser sustentada por um namorado (é porque ainda estamos nessa fase hehe). Mas e se essa fase passar, vou ficar dona de casa sendo sustentada pelo marido, trabalhar em algo que eu não goste, ou me desgastar em algo que eu gosto sem obter lucros ?!?!?!!? Viu, eu nem precisei ir tão longe pra ter algumas dúvidas como você tem !!!! Força, e pensamentos positivos.... oração... e uma boa amiga (a tua irmã, no caso pra mim), são os meus "remédios" para dias assim !!! Beijos Liloca

Diva disse...

Calma amiga, calma!!!!
É impossivel ser a melhor em tudo o tempo todo. Já é bem bom qdo somos mais ou menos...
Não se canse, não se estresse!
Pra chegar na primavera, sempre temos que passar pelo inverno, não é????
Bjocas amada
Saudades

A FADA DAS AGULHAS disse...

Olá Tays,Como vc está?
É o barrigão muito pesado né?
Imagino as dificuldades que vc está tendo agora.
Está previsto para quando o parto?
Muitos pensamentos positivos,oração e fé.
Amiga,não se canse e não se estresse tá?
Fique com Deus!
"Ninguém conhece
os mistérios da vida,
nem seu significado definitivo,
mas para aqueles
que desejarem
acreditar em seus sonhos
e em si mesmo,
A vida é uma dádiva preciosa
na qual tudo é possível."
Beijo no seu coração.
Simone Souza